Segundo o relatório “State and Trends of Carbon Pricing 2024”, publicado pelo Banco Mundial, 24% das emissões globais de CO2 e demais gases causadores do efeito estufa (GHG) estão cobertas por créditos de carbono ou outros mecanismos de precificação e compensação. Uma década atrás, quando a primeira edição do relatório foi publicada, eram 7%.
Há, portanto, um rápido crescimento do setor, que hoje reúne 75 instrumentos de precificação do carbono e movimenta US$ 104 bilhões anuais. De acordo com o Banco Mundial, países como Brasil, Índia, Chile, Colômbia e Turquia são os que mais têm expandido suas iniciativas de precificação e compensação de emissões de CO2.
Segundo dados do FMI, 49 países já possuem mecanismos de precificação de carbono, e outros 23 estão considerando adotá-los. A African Carbon Markets Initiative (ACMI), iniciativa apoiada pela ONU, estima que o continente africano tem o potencial de gerar US$ 100 bilhões anuais em créditos de carbono – sozinho, poderia dobrar o tamanho do mercado global.
Atualmente, os créditos de carbono se encontram em valores historicamente baixos. Isso ocorre parcialmente devido à revelação, feita em 2023 pelo jornal inglês The Guardian, de que os créditos aferidos pela empresa de certificação Verra, a maior do setor, nem sempre correspondiam a uma efetiva redução nas emissões de CO2.
Isso levou o mercado a buscar mecanismos de certificação mais robustos, com iniciativas como o VCMI (Voluntary Carbon Markets Integrity Initiative) e a ART (Architecture for REDD+ Transactions) ganhando força. Recentemente, a Casa Branca e o Tesouro americano publicaram um documento conjunto1 em que manifestam o apoio dos EUA ao mercado voluntário de créditos, e enumeram princípios para seu bom funcionamento.
Há vários fatores que devem levar o mercado global de carbono a crescer nos próximos anos. O principal é o Carbon Border Adjustment Mechanism (CBAM), que foi aprovado pelo Parlamento Europeu e entrará em vigor em 2026 (o Reino Unido pretende adotar um sistema similar a partir de 2027).
Atualmente, o CBAM se encontra em sua fase de transição, na qual setores que emitem muito CO2 (como as indústrias produtoras de aço, cimento e fertilizantes, bem como empresas de energia) são obrigados a reportar suas emissões.
Com a implantação do regime definitivo do CBAM, a partir de 2026, empresas que exportam mercadorias para a União Europeia terão de adquirir créditos para compensar suas emissões – ou estarão sujeitas à cobrança de uma taxa europeia sobre carbono.
1 Voluntary Carbon Markets Joint Policy Statement and Principles. White House/US Treasury, 2024.